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Este blog foi criado em 02 de dezembro de 2009,
como suporte aos meus alunos, contudo, estou aposentada desde 10 de março de 2012, sem atividade de ensino, não tendo mais interesse de desenvolver alguns assuntos aqui postados. Continuo com o blog porque hoje está com > 237.000 visitantes de diversos lugares do mundo. Bem-vindo ao nosso ambiente virtual. Retorne com comentários e perguntas: lucitojal@gmail.com.
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São muitas as postagens, cerca de 400, veja a lista de marcadores no lado direito do blog.

Falo sobre composição, valor nutritivo dos alimentos e biodisponibilidade dos nutrientes. Interações entre nutrientes: reação de Maillard e outras reações com proteínas, principalmente AGEs (Advanced Glycation End Products) e a relação desses compostos com as doenças crônicas: Diabetes, Alzheimer, câncer, doenças cardiovasculares entre outras. Atualmente, dedico-me mais ao conhecimento dos AGEs (glicação das proteínas dos alimentos e in vivo).

"Os AGEs (produtos de glicação) atacam praticamente todas as partes do corpo. É como se tivéssemos uma infecção de baixo grau, tendendo a agravar as células do sistema imunológico. O caminho com menos AGEs; escapa da epidemiologia dos excessos de alimentação" disse Vlassara. http://theage-lessway.com/

ATENÇÃO: A sigla AGEs não significa ácidos graxos essenciais.

Consulte também o http://lucitojalseara.blogspot.com/ Alimentos: Produtos da glicação avançada (AGEs) e Doenças crônicas.

domingo, 17 de abril de 2011

324- Relação ω6/ω3 de certos óleos

Recomendo, também, a leitura das postagens: 323, 307, 306, 190 etc... todas com o marcador, a direita do blog, ômega 6/ ômega 3.

Utilizando como instrumento de consulta a tabela da TACO, a  proporção aproximada da relação ω6/ω3 dos óleos abaixo relacionados, foi a seguinte:
Óleo de CANOLA            3:1
Óleo de SOJA                 9:1
Óleo de BABAÇU          9,54:1
Azeite de OLIVA            12:1
Óleo de MILHO             52:1
Óleo de GIRASSOL      159:1

Observação: É importante não só a razão entre ácidos graxos ômega 6/ômega 3, mas a quantidade absoluta de ômega 3 presentes nos alimentos.

Estes ácidos graxos essenciais são aqueles que não podem ser sintetizados pelo organismo, mas são necessários para o funcionamento do organismo. A razão entre a ingestão diária de alimentos fonte de ácidos graxos ω6 e ω3 resultou em várias recomendações que tem sido estabelecidas por autores e órgãos de saúde, em diferentes países. Há muitas evidências de que uma razão ω6/ω3, oferecida pela dieta de 4:1, fornece ótima razao tecidual de ácido araquidônico para ácido eicosapentaenóico, ambos fornecem eicosanóides, com funções fisiológicas benéficas nos sistemas cardiovascular,  reprodutivo, respiratório, renal endócrino e imune, em doenças cardiovasculares, dislipidemias, doenças inflamatórias crônicas como a diabete, artrite reumatóide e depressão.

O ácido linoléico (18:2 ω6) forma o γ linolénico, que é convertido a dihomo-gama-linolênico e este, na sequência gera ácido aracdônico. Este é precursor de eicosanóides . Os eicosanóides são produzidos nos tecidos, sendo responsáveis pela formação especificamente dos prostanóides (prostaglandinas e tromboxanos) da série 2 e leucotrienos da série 4, mediadores bioquímicos potentes envolvidos na inflamação, infecção, lesão tecidual, modulação do sistema imune e agregação plaquetária. Em outra via,  o ácido linolênico (18:3 ω3) é convertido de forma lenta em ácido eicosapentanóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), precursores de mediadores químicos menos potentes, os prostanóides da série 3 e leucotrienos da série 5, que promovem efeitos fisiológicos, incluindo modulação da resposta imune, menos potentes.

Os ácidos graxos ômega 3 favorecem a produção de prostaciclinas, prevenindo a formação de coágulos e causar vasodilatação, efeitos diferentes daqueles favorecidos por eicosanóides gerados a partir de ácidos graxos ômega 6. Por esse motivo, considera-se, de modo geral, que os ácidos graxos ω3 tem papel maior no mecanismo de defesa do sistema imune enquanto que o ω6 participa de forma mais efetiva do processo inflamatório.

As séries de ácidos graxos ômega 3, ômega 6 e ômega 9 competem entre si, pela enzima Δ6 dessaturase, que é uma chave metabólica clássica e comum para ambas as vias metabólicas e apresentam maior afinidade pelos substratos mais altamente insaturados. Logo, devido essa natureza competitiva, cada ácido graxo pode interferir no metabolismo do outro, apresentando implicações nutricionais. Um excesso de ômega 6 irá reduzir o metabolismo de ômega 3, levando possivelmente a um déficit de seus metabólitos, incluindo o ácido eicosapentanóico. O DHA e o EPA interferem no sistema imune competindo com o ácido aracdônico (AA) no metabolismo da cicloxigenase na membrana celular. 

Logo, o aumento exagerado de ω3 reduz a relação desses ácidos graxos (ω6:ω3) a níveis mais baixos de 3:1, podendo propiciar  alterações indesejáveis na coagulação sangüínea (como aumento do tempo de hemorragia, diminuição da agregação plaquetária, viscosidade do sangue e fibrinogênese, aumento da deformidade eritrocitária, diminuindo a tendência para formação de trombos) e na própria resposta citocínica e inflamatória. Porém, em nenhum dos estudos analisados por Simopoulos (1991) evidenciou-se que pacientes submetidos à cirurgia de artéria coronariana e que ingeriram ω3 tiveram aumento de hemorragia devido à ingestão desse PUFA. Devido ao fato dos ácidos graxos essenciais necessitarem da mesma enzima para serem convertidos, ressalta-se a importante manutenção da proporção 5:1 entre ômega 6 e 3 na dieta oral e enteral.

Segundo, Haag e col. (2003), a proporção de ω6 e ω3 pode influenciar na formação de neurotransmissores e prostaglandinas, fatores que são vitais para manter a função cerebral normal.

Um excesso de ω6 irá reduzir o metabolismo de alfa linolênio ω3, levando possivelmente a um déficit de seus metabólicos. Pode causar uma resposta inflamatória muito exacerbada, atenuando o catabolismo protéico e comprometendo a homeostasia corporal. A família de ácidos graxos ω6 facilita a estocagem das células adiposas, a coagulação e as respostas infamatórias às agreções exteriores (pró-inflamatórias).

A família de ácidos graxos ω3 atua na constituição do sistema nervoso, tornam as células mais flexíveis, reduzindo as reações inflamatórias ( anti-inflamatório), e limitam a fabricação de células adiposas. Deve-se salientar também que o fundamental é o equilíbrio entre essas famídias de ácidos graxos, pois embora se realce os pontos positivos do ω3, o excesso deste pode suprimir a produção de  agentes inflamatórios, levando a uma diminuição do sistema imunológico e o corpo precisa desse processo para atuar como mecanismo de defesa. Logo, os ácidos graxos da família ω6 são pró-inflamatórios, precisam estar presentes na alimentação de um indivíduo em maior proporção que os da família ω3. Se estes ω3 estiverem em maior quantidade que os ω6, o mecanismo de defesa através do processo inflamatório poderá ser comprometido, prejudicando assim o sistema imune.

O alto consumo de ácido linoléico ω6 favorece o aumento do conteúdo de ácido araquidônico nos fosfolipídios das membranas celulares, aumentando consequentemente, a produção de prostaglandina E2 (PGE2) e leucotrieno B4 (LTB4), por meio das vias enzimáticas de cicloxigenase (COX) e 5-lipoxigenase (5-LOX), respectivamente. A PGE2 e LTB4 são mediadores que apresentam maior potencial inflamatório, quando comparados com os eicosanóides sintetizados a partir dos ácidos graxos ω3, como a prostaglandina E3 (PGE3), leucotrieno B5(LTB5) e tromboxano 3(TX3), levando a uma resposta inflamatória exacerbada, por exemplo: a PGE2 induz à febre, promove vasodilatação, aumenta a permeabilidade vascular e potencializa a dor e o edema causados por outros agentes, como a bradicinina e histamina.

Com o avanço tecnológico, os seres humanos evoluíram de uma dieta que tinha uma proporção de ω6/ω3 de 1:1, para uma dieta, considerando-se o padrão ocidental, de até 40:1, ricas em gordura de carnes, leite e queijo, incluindo produtos industrializados, tais como: tortas, biscoitos, bolachas, salgadinhos, batatas frita. Atualmente, os pesquisadores vem considerando aceitável uma dieta com a proporção até 10:1, preconizando a proporção 4:1 ou até mesmo 1:1. Valendo lembrar ainda que o consumo de ácidos graxos poliinsaturados deve estar associado a um consumo de antioxidantes e práticas adequadas para evitar oxidação dos mesmos.

Há evidências de que o cálcio, magnésio, vitamina D, proteínas, antioxidantes e ácidos graxos ω3 consumo são inversamente associado com o risco de osteoporose e fraturas de quadril.

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